O ambiente laboratorial é carregado de riscos, tanto para os trabalhadores como para o meio ambiente. Diante disso, existe uma série de normas estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a fim de minimizar os perigos.
É extremamente importante que os laboratórios sigam tais critérios, pois a classificação baseada em níveis permite que as medidas de proteção sejam adotadas de acordo com os serviços de cada laboratório.
Afinal, quais são as características de cada categoria? A seguir, explicaremos cada um dos 4 níveis de biossegurança determinados pela Anvisa na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n° 50, além das práticas inerentes a cada um deles. Acompanhe!
Classificação de acordo com níveis
Em suma, a classificação em níveis de biossegurança baseia-se na análise de risco do agente infeccioso de maior periculosidade presente nas práticas de um laboratório. A partir dessa determinação, cada categoria apresenta critérios para:
- instalações do laboratório;
- manipulação dos experimentos;
- equipamentos de proteção individual (EPI) e coletiva.
O objetivo de alinhar os cuidados é prevenir e minimizar os riscos que estão associados ao cotidiano daquele local. Seja com a finalidade de pesquisa, ensino e até processos produtivos, tanto o meio ambiente como os seres humanos devem ser preservados.
As normas englobam 4 níveis, NB-1 a NB-4, aumentando a complexidade da proteção de modo crescente. É necessário determinar um responsável para avaliar em qual categoria o laboratório em questão será correspondente. Vale ressaltar a necessidade de apresentar instalações preconizadas pelas normas. Por isso, é importante ter noção de quais atividades serão realizadas no local para que seja devidamente arquitetado.
Nível 1 de biossegurança (NB-1)
É determinado para a manipulação de agentes da classe de risco 1, ou seja, microrganismos que têm baixa probabilidade de provocar doenças em seres humanos sadios ou animais. Logo na porta, é recomendado afixar um aviso de risco biológico. Por ser o nível de risco mais baixo, não são necessários equipamentos de proteção coletiva. Porém, é indispensável o uso de jaleco, luvas e touca para proteção individual. Complementando, não se deve tocar em maçanetas e interruptores quando calçado com luvas.
Todos os colaboradores devem ser treinados para os procedimentos específicos do laboratório, supervisionados por um profissional com domínio em biossegurança, e ter o trabalho norteado pelas boas práticas laboratoriais. Elas incluem medidas simples, mas fundamentais para o dia a dia de um laboratório, como:
- evitar o uso de calçados abertos;
- não usar acessórios (anéis, relógios e pulseiras) durante as atividades laboratoriais;
- realizar lavagem de mãos;
- não comer, beber e/ou fumar;
- manter alimentos fora da área de trabalho;
- organizar um kit de primeiros socorros;
- possuir programa de controle de insetos e roedores;
- utilizar dispositivos mecânicos para a pipetagem, sendo proibido fazê-lo pela boca.
Já em relação às barreiras de contenção secundária (instalações), são exigidas apenas bancadas abertas com pias próximas à saída. É preciso realizar a desinfecção das superfícies de trabalho ao final do uso ou quando houver contato direto de material viável.
Nível 2 de biossegurança (NB-2)
É adequado ao trabalho que envolve agentes com classe de risco 2, que são microrganismos que podem causar infecção, mas de tratamento fácil e eficaz — representando risco individual moderado e baixo para a comunidade. Neste nível, os trabalhos também envolvem a manipulação de sangue humano e fluidos corporais. A nível microscópico, contempla atividades nas quais a presença de agentes infecciosos é desconhecida em tecidos ou células humanos.
Nesse caso, além dos EPIs necessários no nível 1, também é exigido o uso de máscara. Pensando na proteção coletiva, é determinada a utilização de cabines de classe I ou II, principalmente quando a manipulação de agentes aerossóis ou que provocam vazamentos de materiais infecciosos. Quanto às instalações, é necessário que as paredes, os tetos e os pisos sejam lisos, além de impermeáveis e resistentes à desinfecção. A autoclave também se torna um equipamento obrigatório, assim como o lava-olhos.
No mais, alguns cuidados obrigatórios devem ser destacados:
- dispor de aviso de risco biológico;
- separar passagens públicas;
- não retirar lápis e canetas do local;
- separar o material cirúrgico;
- possuir precauções para objetos perfurocortantes;
- apresentar Manual de Biossegurança que defina qualquer descontaminação de dejetos ou normas de vigilância médica.
Nível 3 de biossegurança (NB-3)
É destinado ao trabalho com agentes de risco biológico de classe 3, potencialmente fatais, que apresentam elevado risco individual e baixo risco para a comunidade. Os equipamentos de segurança desse nível são semelhantes ao NB-2, acrescentando o uso das cabines de classe I ou II em todas as manipulações de agentes abertas. Além disso, é preciso destinar um local do laboratório para armazenar jalecos e EPIs exclusivos dele.
Que a lavagem de mãos é indispensável, você já sabe, mas aqui passa a requerer uma torneira cujo acionamento não necessita do uso das mãos. Complementando, em vez de um par de luvas, passam a ser necessários dois, com os itens superpostos.
As instalações seguem o NB-2, somados a separação física dos corredores de acesso, as portas duplas com fechamento automático, o ar de exaustão que não deve recircular e o fluxo negativo dentro do laboratório. No âmbito elétrico, um gerador passa a ser indispensável para situações de emergência. Já as superfícies devem ser vedadas.
As práticas específicas são:
- apresentar acesso rigorosamente controlado;
- realizar desinfecção de todo o lixo, assim como a roupa usada no laboratório antes de ser lavada;
- coletar e armazenar amostra sorológica de cada colaborador exposto ao risco como referência.
Nível 4 de biossegurança (NB-4)
É referente a laboratórios em que os colaboradores estão expostos a agentes altamente patogênicos, de fácil propagação, que não possuem medidas terapêuticas ou profiláticas, representando um elevado risco individual e para a comunidade. Consequentemente, todos os procedimentos devem ser realizados dentro de cabine classe III ou em cabines de classe I ou II, juntamente ao uso do macacão de pressão positiva com suprimento de ar.
Quanto às instalações, é necessário seguir as recomendações do NB-3, sendo que o edifício deve ser em um prédio separado ou mesmo em uma área completamente isolada. Aqui, não basta o vedamento: o laboratório não deve conter janelas.
Já os sistemas de abastecimento e escape devem ser a vácuo e apresentar eficiente sistema de descontaminação. A autoclave deve estar dentro do laboratório e ter dupla porta. Uma requisição exclusiva do nível 4 é a monitoração de segurança por meio de tecnologias, como: circuito interno de TV, visores, interfones e, até mesmo, acesso por meio de leitor biométrico.
As práticas de segurança também devem ser executadas criteriosamente e envolvem:
- mudança de roupa antes de entrar;
- banho ao sair;
- descontaminação de todo o material na saída do laboratório;
- incineração dos resíduos.
Tendo em vista a classificação por níveis de biossegurança apresentada, você acredita que seu laboratório esteja devidamente preparado para cumprir com as normas de biossegurança recomendadas? Caso não esteja, é recomendado contar com um profissional para avaliar as atividades e determinar, de acordo com as normas, as medidas necessárias. Isso retrata um compromisso não só com aspectos legais, mas com toda a população, visto que tanto os seres humanos como também os animais são afetados pelas riscos biológicos.
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